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Egito pede ao Catar para deportar 220 ‘terroristas’, afirma imprensa pró-regime

Ahmed Moussa, âncora da emissora Sada El Balad, no Cairo, Egito [David Degner/Getty Images]
Ahmed Moussa, âncora da emissora Sada El Balad, no Cairo, Egito [David Degner/Getty Images]

O âncora Ahmed Moussa, célebre por sua postura favorável ao regime do presidente e general Abdel Fattah el-Sisi, anunciou em seu programa que o Egito solicitou do Catar a deportação de 220 membros da oposição egípcia, descritos como “terroristas”.

O relato surgiu no contexto da retomada de conversas entre Cairo e Doha, após anos de tensão devido ao bloqueio imposto por países do Golfo ao Catar, com apoio egípcio.

Em janeiro, ambos os países concordaram em reaver laços diplomáticos.

Na última semana, Sisi reuniu-se com o Ministro de Relações Exteriores do Catar Mohammed Bin Abdulrahman al-Thani para “intensificar a consulta e coordenação bilateral”.

Sisi então recebeu um convite para visitar o Catar, o primeiro desde o golpe militar no Egito em 2013, através do qual o então Ministro da Defesa tomou o poder.

O diálogo em curso incitou receios entre opositores egípcios no exterior de que possam ser expatriados ao Cairo — sob risco de longas penas de prisão, tortura e mesmo execução —, à medida que seus países de exílio se aproximam do regime.

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A retomada do relacionamento entre Turquia e Egito compeliu temores do tipo, sobretudo entre jovens opositores egípcios que residem em Istambul.

“Em breve, [o Presidente da Turquia Recep Tayyip] Erdogan convidará Sisi a visitar o país, então a oposição terá de buscar um novo asilo”, escarneceu Moussa na televisão.

Desde a ascensão de Sisi à presidência egípcia, o espaço para críticas políticas restringiu-se drasticamente, sob censura generalizada à imprensa e criminalização de protestos.

Milhares de pessoas fugiram do Egito ao passo que o regime acumulou um recorde de 60 mil presos políticos, além de vítimas de desaparecimento forçado e execução extrajudicial.

Kuwait, Líbano, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Malásia, Bahrein e Sudão já devolveram membros da oposição egípcia ao país de origem.

Em 2018, a Espanha deportou o Dr. Alaa Mohamed Said ao Egito, então detido na infame penitenciária de segurança máxima de Tora, no Cairo, cuja brutalidade sistemática remeteu ao apelido de Prisão do Escorpião.

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