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Espanha mobiliza diplomacia na Europa para reagir ao Marrocos

Soldado espanhol conversa com jovens refugiados deportados ao Marrocos, em 19 de maio de 2021 [Diego Radamés/Agência Anadolu]
Soldado espanhol conversa com jovens refugiados deportados ao Marrocos, em 19 de maio de 2021 [Diego Radamés/Agência Anadolu]

A Espanha mobilizou seus embaixadores na Europa para enfrentar recentes ataques diplomáticos do Marrocos e esclarecer sua posição sobre a crise dos refugiados na fronteira e a questão do território disputado do Saara Ocidental e seu líder separatista, Brahim Ghali.

“O Marrocos está ativo em diversas capitais da União Europeia para apresentar sua versão da crise com a Espanha”, observou um memorando assinado por Camilo Villarino, diretor do gabinete da Ministra de Relações Exteriores, Arancha González Laya.

Segundo a rede El Confidencial, a chanceler enviou um comunicado às suas representações diplomáticas no exterior sobre a crise migratória e o Saara Ocidental.

Declarou González Laya: “É necessário assistir de forma proativa nossos diplomatas em seus contatos com chanceleres dos países da União Europeia”.

Tensões emergiram entre Madrid e Rabat após a chancelaria espanhola rechaçar o reconhecimento do então Presidente dos Estados Unidos Donald Trump da soberania marroquina sobre o Saara Ocidental — em troca da normalização com Israel.

A desavença diplomática resultou no adiamento indefinido de uma reunião de cúpula entre os governos de Espanha e Marrocos.

Além disso, Ghali — chefe da Frente Polisário, movimento de independência saharaui — atualmente recebe tratamento na Espanha contra o coronavírus. Segundo Rabat, o líder separatista entrou na Europa com passaporte argelino falso; Madrid nega.

Segundo a agência espanhola EPA, uma fonte do governo contestou as alegações marroquinas: “Ghali não entrou na Espanha com um passaporte forjado, embora tenha usado outro documento de identidade para ser internado em um hospital de Logrono”.

Conforme a fonte, o presidente saharaui entrou no país via Argélia, com passaporte que costuma utilizar para viagens internacionais, que cumpre as prerrogativas legais.

González Laya reiterou a posição de seu país sobre a disputa territorial do Saara Ocidental: “A Espanha permanece firmemente comprometida com uma solução política dentro do quadro oferecido pela Organização das Nações Unidas”.

LEIA: Marroquinos exigem boicote à Espanha

Em entrevista concedida ao jornal madrileno La Razón, enfatizou a ministra na última sexta-feira (21): “Trata-se da posição e tal posição não pode ser alterada pois a Espanha é um país que respeita a legitimidade internacional”.

“Nem a recepção do líder saharaui, tampouco pressões marroquinas serão capazes de alterar a posição espanhola sobre o Saara Ocidental”, prosseguiu.

O Marrocos está em conflito com o movimento separatista saharaui, apoiado pela Argélia, desde 1975, após o fim da ocupação colonial espanhola. A disputa avançou em conflito armado que durou até 1991, quando foi assinado um acordo de cessar-fogo.

Rabat insiste em seu direito de governar a região, mas propõe autonomia ao Saara Ocidental desde que preservada sua soberania nacional. A Frente Polisário, porém, reivindica um referendo popular para decidir o futuro da região.

Argel apoia a proposta saharaui e abriga refugiados locais.

O cessar-fogo de 1991 chegou ao fim no último ano, após o Marrocos retomar operações militares na travessia de Guerguerat, zona neutra entre o território marroquino e a autodeclarada República Árabe Saharaui Democrática (RASD).

A Frente Polisário descreveu o avanço de Rabat como provocação.

Ao lançar sua operação, o Marrocos “prejudica gravemente não apenas o cessar-fogo e tratados militares relevantes, como também qualquer chance de uma solução pacífica e duradoura à descolonização do Saara Ocidental”, insistiu Ghali à ONU.

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