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Jornalistas egípcios denunciam assédio e censura

Vigília em solidariedade aos jornalistas egípcios, em frente ao sindicato nacional da categoria, no Cairo, 31 de dezembro de 2012 [Mahmud Hams/AFP via Getty Images]
Vigília em solidariedade aos jornalistas egípcios, em frente ao sindicato nacional da categoria, no Cairo, 31 de dezembro de 2012 [Mahmud Hams/AFP via Getty Images]

Jornalistas egípcios denunciaram as condições de prisão sem julgamento ou sequer investigação formal em casos de perseguição política contra a categoria no Egito, desde 2013, quando o presidente Abdel Fattah el-Sisi tomou o poder via golpe militar

Khaled Dawoud, jornalista e ex-líder do Partido Constitucional, afirmou jamais imaginar que expressar suas opiniões o levariam a uma pena de dezenove de prisão.

Em entrevista ao website Al-Hurra, Dawoud destacou o que o Egito contemporâneo sofre da falta de pluralismo, devido à censura sistemática contra redes de notícias e aos esforços do regime para polarizar a população.

“Costumávamos ter uma imprensa diversificada, mas lamentavelmente o novo regime sob a liderança de Sisi possui uma visão específica para os veículos de comunicação que retrocedeu dramaticamente a liberdade de imprensa”, afirmou Dawoud.

Liberdade de imprensa no Egito [Latuff/Monitor do Oriente Médio]

Dawoud sugeriu ainda que a imprensa privada tornou-se uma reprodução das emissoras de televisão estatais, após uma companhia afiliada aos órgãos do governo tentar comprar canais e jornais de empreendimentos particulares.

Prosseguiu: “Não quero voltar para a prisão. Não vejo a prisão como um ato de heroísmo e não que isso aconteça comigo ou ninguém porque é uma experiência amarga e cruel”.

Outro jornalista, em condição de anonimato, confirmou ser impedido de exercer livremente seu ofício após deixar a prisão. “É bastante difícil para qualquer jornal local me contratar porque agora sou considerado suspeito”, relatou.

Ao criticar a situação no país, o repórter anônimo destacou que a categoria é submetida a assédio sistemático por forças policiais e grupos afiliados que buscam aproximar-se do regime.

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Dezenas de jornalistas egípcios são mantidos em custódia sob acusações de natureza política, a maioria por períodos maiores do que o previsto legalmente para detenção preventiva, isto é, sem julgamento, que não deve exceder dois anos.

Entre 180 países, o Egito está em 166° lugar no Índice de Liberdade de Imprensa publicado em abril pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

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