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Egito agradece a mediação da Rússia na disputa da barragem na Etiópia

13 de abril de 2021, às 16h52

Uma visão geral da Grande Barragem da Renascença Etíope (GERD), perto de Guba, na Etiópia, em 26 de dezembro de 2019 [EDUARDO SOTERAS/AFP via Getty Images]

O Egito tem o apoio da Rússia para resolver a disputa da Grande Barragem da Renascença Etíope (GERD), disse ontem o Ministro das Relações Exteriores Sameh Shoukry.

“Confiamos na Rússia, através de suas relações com os três países [na disputa] e suas capacidades, dado seu impacto e posição de prestígio internacional, para pressionar as várias partes a se absterem de atos unilaterais”, disse Shoukry em uma reunião realizada na capital egípcia, Cairo, com seu homólogo russo, Sergey Lavrov.

Há uma década, o Egito, o Sudão e a Etiópia tentam chegar a um acordo sobre a GERD, numa tentativa de satisfazer interesses comuns sem minar as quotas de água das nações a jusante.

As negociações entre os três países, mediadas pela União Africana, fracassaram na semana passada, com o Cairo e Cartum culpando o que eles descreveram como a “intransigência etíope”.

Shoukry salientou que seu encontro com Lavrov também discutiu “o desenvolvimento da questão palestina”, referindo-se à retomada das atividades do chamado “Quarteto de mediadores para o Oriente Médio”, que inclui Estados Unidos, Rússia, União Européia e Nações Unidas.

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A Etiópia está construindo uma barragem de 5 bilhões de dólares perto da fronteira com o Sudão e diz que fornecerá ao país a tão necessária eletricidade e regeneração econômica. O Egito acredita que a obra irá restringir seu acesso às águas do Nilo.

Etiópia renova comprometimento com mediação da União Africana em negociações de barragens - Charge [Sabaaneh / Monitor do Oriente Médio]

Etiópia renova comprometimento com mediação da União Africana em negociações de barragens – Charge [Sabaaneh / Monitor do Oriente Médio]

O Egito é quase inteiramente dependente da água do Nilo, recebendo cerca de 55,5 milhões de metros cúbicos por ano do rio, e acredita que o enchimento da barragem afetará a água que precisa para consumo, agricultura e eletricidade.

O Cairo quer que a Etiópia garanta que o Egito receberá 40 bilhões de metros cúbicos ou mais de água do Nilo. O Ministro Etíope de Irrigação, Seleshi Bekele, disse que o Egito abandonou essa demanda, mas o país insiste que não o fez e emitiu uma declaração para este fim.

Há também uma questão não resolvida sobre a rapidez com que a represa será enchida, com o Egito temendo que, se for feito muito rapidamente, ela possa afetar a eletricidade gerada pela Alta Barragem de Aswan.