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HRW apela ao Egito para que devolva cidadania de Ghada Najibe

Ativista política Ghada Najibe. [Ghada Najibe/Facebook]
Ativista política Ghada Najibe. [Ghada Najibe/Facebook]

A Human Rights Watch apelou ao governo egípcio para reverter a decisão tomada em dezembro de revogar a cidadania da ativista política Ghada Najibe.

O parlamento deve emendar as leis abusivas, disse a organização de direitos, para que estejam em conformidade com as obrigações internacionais dos direitos humanos.

Ghada desempenhou um papel ativo na revolução de 2011, continuando a protestar depois que Hosni Mubarak se retirou, há dez anos.

Em dezembro de 2011, ela foi capturada por soldados em uma manifestação contra o partido no poder, SCAF, que resistiu ao compromisso de ser apenas um governo provisório que negociaria a transição de poder.

Um dos soldados a apalpou e ameaçou submeter Ghada a uma orgia de abuso sexual.

Em 2015, Abdel Fattah Al-Sisi, então ministro da Defesa, enviou uma mensagem por meio de um dos amigos do marido dela para dizer que o soldado que abusou sexualmente de Ghada gostaria de vir com seu comandante e o próprio Al-Sisi para tomar café com ela e se desculpar .

Ghada recusou e em 15 de outubro de 2015 foi avisada de que já não poderia ser protegida. Um mandado de prisão foi emitido em 9 de dezembro e uma semana depois ela deixou o Egito com seu marido, o ator egípcio e apresentador de tevê Hisham Abdullah.

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Um tribunal criminal de Gizé condenou Hisham e Ghada a cinco anos de prisão à revelia por falsas acusações de terrorismo e perturbação da segurança do Estado. Na verdade, as acusações foram feitas contra eles por causa de suas atividades políticas pacíficas.

Pouco depois que o casal saiu, as forças de segurança prenderam cinco sobrinhos de Hisham e os fizeram desaparecer à força por dois dias, acusando-os de ingressar e financiar uma organização terrorista.

Na véspera de Natal de 2020, o Diário Oficial do Egito publicou uma decisão do governo assinada pelo primeiro-ministro Mustafa Madbouly de retirar a cidadania de Ghada com base na Lei 26 de 1975, que permitiu às autoridades retirar a nacionalidade dos egípcios sem precisar de supervisão legal ou revisão judicial.

“Era quinta-feira, acordei com um telefonema de um de meus amigos, ele disse que minha cidadania havia sido retirada”, disse Ghada ao MEMO.

“Fiquei cerca de uma hora, sem falar com ninguém. Fiquei chocada. Hisham me disse para pegar leve e não ficar triste e eu chorei muito. Teoricamente, não é tão fácil, ninguém pode tirar meu senso de pertencer e amar a minha pátria, a cidadania não é uma questão de papel. Mas, oficialmente, não tenho cidadania agora.”

A decisão do governo afirmou que Ghada é originalmente síria, o que não é verdade. Ela tem um pai sírio, mas apenas um passaporte egípcio e viveu a maior parte de sua vida no Egito.

“Eles não apenas revogaram minha nacionalidade, mas também inventaram outra questão, que eu tenho nacionalidade síria”, ela continua. “Portanto, permaneço em estado de autodefesa, que não sou síria e que não tenho um passaporte sírio ou quaisquer papéis sírios. Sou egípcia de nascimento e provei isso com documentos.”

Desde 2014, o governo de Al-Sisi privou centenas de egípcios de suas nacionalidades.

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