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Argélia afirma que França deve ser responsabilizada por lixo nuclear no Saara

General Jean Thiry descreve a jornalistas a explosão da terceira bomba atômica francesa no polígono de testes de Reggane, na região saariana da Argélia, em 27 de dezembro de 1960 [AFP via Getty Images]
General Jean Thiry descreve a jornalistas a explosão da terceira bomba atômica francesa no polígono de testes de Reggane, na região saariana da Argélia, em 27 de dezembro de 1960 [AFP via Getty Images]

O brigadeiro-general argelino Bouzid Boufrioua exortou a França a assumir a responsabilidade pelos dejetos deixados no Saara após uma série de testes nucleares, na década de 1960.

Boufrioua, que lidera o departamento de engenharia de combate do Comando de Infantaria da Argélia, expôs sua opinião sobre o problema em entrevista concedida à Revista do Exército, publicada na edição de fevereiro.

Entre 1960 e 1966, autoridades coloniais francesas conduziram um total de 17 testes nucleares no Saara argelino. O estado da Argélia e organizações da sociedade civil exigem que Paris revele as coordenadas dos dejetos nucleares deixados na região saariana.

LEIA: França é cobrada a revelar lugares da Argélia onde despejou seu lixo nuclear

“Sessenta anos após seus testes nucleares e a França ainda recusa-se a revelar a localidade do lixo nuclear e indenizar as vítimas das doenças causadas pela radiação”, destacou a revista.

Entretanto, Boufrioua argumentou que a maré já virou sobre a questão.

“Em 7 de julho de 2017, 122 estados-membros da Assembleia Geral da ONU ratificaram um novo tratado para banir o uso de armas atômicas”, afirmou. “[O tratado] claramente reconhece o princípio de responsabilidade de quem polui”.

“Foi a primeira vez que a comunidade internacional exortou estados armados com armamentos nucleares a corrigir seus erros do passado”, concluiu o general.

O tratado entrou em vigor em janeiro de 2020. Países como França, Estados Unidos, Reino Unido, Rússia e China recusaram-se a assiná-lo – justamente os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, com “autoridade” para vetar resoluções relevantes.

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