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Argélia busca um milhão de assinaturas para criminalizar a colonização francesa

Manifestantes exibem uma bandeira argelina durante protesto em Bordeaux, sudoeste da França, em 12 de dezembro de 2020 [Thibaud Moritz/AFP via Getty Images]
Manifestantes exibem uma bandeira argelina durante protesto em Bordeaux, sudoeste da França, em 12 de dezembro de 2020 [Thibaud Moritz/AFP via Getty Images]

Parlamentares argelinos lançaram uma campanha para coletar um milhão de assinaturas para pressionar o governo a instituir uma lei que criminalize a ocupação colonial da França no país, que culminou em anos de guerra até a independência da Argélia, em 1962.

Os esforços servem de resposta a um relatório francês divulgado em 20 de janeiro de 2020, sobre a colonização no país norte-africano. Os argelinos denunciam o estudo acadêmico por negligenciar os crimes coloniais da França.

A pesquisa em questão foi preparada pelo historiador francês Benjamin Stora e entregue ao Presidente da França Emmanuel Macron.

Entretanto, Paris reitera que tais estudos não significam que a república europeia emitirá um pedido de desculpas formal à Argélia.

Belarbi Kamal, um dos parlamentares responsáveis pela iniciativa, destacou que ele e outros colegas apresentaram o projeto de lei à Assembleia Nacional Popular, câmara baixa do parlamento argelino, em 28 de janeiro do último ano.

“A legislação está paralisada há mais de um ano e sequer foi considerada por razões que desconhecemos. A iniciativa de coletar assinaturas é uma reação à demora imposta ao projeto, que afeta os direitos dos mártires e veteranos da guerra de independência”, relatou Kamal.

O parlamentar argelino reiterou que a proposta de promover uma petição ocorreu ainda como resposta a comentários controversos do conselheiro presidencial Abdel Majid Sheikhi, incumbido de gerir o arquivo de memória nacional.

“Os argelinos já criminalizam o colonialismo há décadas, em nossos corações”, alegou Sheikhi, algumas semanas atrás. “Não é preciso um texto legal”.

Kamal admite que o reconhecimento francês de seus crimes coloniais é assunto interno. “O que me preocupa é restaurar direitos perdidos dos argelinos, como a preservação dos arquivos nacionais e a indenização financeira a suas perdas”.

“Um milhão de assinaturas deverá enfatizar a mensagem do povo argelino ao governo e à autoridade legislativa”, concluiu Kamal.

Entretanto, até então, o governo não comentou sobre o documento francês. A questão é limitada a relatos de imprensa, feitos por personalidades não conectadas a Argel.

A colonização francesa sobre a Argélia durou entre 1830 e 1962. Cinco milhões de pessoas foram mortas pela ocupação. Artefatos e documentos históricos foram saqueados e levados à França. Alguns itens datam do período otomano na Argélia, entre 1515 e 1830.

Oficiais franceses insistem na necessidade de “virar a página” sobre o brutal passado colonial francês no Norte da África. Contudo, o povo argelino ainda reivindica justiça e reconhecimento formal de Paris sobre seus crimes coloniais no país.

LEIA: O que você fez na Argélia, papai?

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