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Depois de enganar o eleitorado judeu, Netanyahu busca votos árabes

Material de campanha do partido israelense Likud e cartazes do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu após a noite de eleições de 10 de abril de 2019 em Tel Aviv [Jack GUEZ/AFP/Getty]
Material de campanha do partido israelense Likud e cartazes do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu após a noite de eleições de 10 de abril de 2019 em Tel Aviv [Jack GUEZ/AFP/Getty]

Os membros árabes dos vários partidos que compõem o bloco da Lista Conjunta no Knesset, parlamento de Israel, concordam que as recentes visitas do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu às cidades árabes de At-Tira, Umm Al-Fahm e Nazareth têm como objetivo dar um golpe na unidade política e social da comunidade árabe israelense.

Resumidamente, ele está atrás de seus votos a fim de aumentar sua posição eleitoral diante da intensa concorrência de seus rivais que querem derrubá-lo. Os parlamentares árabes sabem que o objetivo de Netanyahu é desmantelar a Lista Conjunta e criar uma rivalidade inter-árabe que reduzirá sua representação no Knesset, o que pode ajudá-lo a permanecer no poder.

No momento ainda não está claro se a estratégia eleitoral do primeiro-ministro, centrada na comunidade árabe, terá como consequência maior pressão aos partidos membros da Lista Conjunta para se manterem unidos e enfrentarem os erros anteriores através de revisões internas. Isto poderia colocar o bloco de volta ao rumo certo e reconquistar a confiança dos eleitores árabes.

Nas eleições anteriores, Netanyahu intensificou sua retórica anti-árabe. Ele e seus adversários perceberam que a eleição geral de setembro do ano passado poderia ter sido decidida pelos votos árabes; afinal, eles representam 20% da população em Israel. É por isso que o líder do Likud fez dos árabes um ponto focal em sua campanha eleitoral e tentou reduzir seu comparecimento às urnas no dia da eleição.

Parece que Netanyahu enganou os eleitores judeus, e agora está se voltando aos árabes para conseguir seus votos. Em uma entrevista com Arab48 , o chefe da Lista Conjunta, Ayman Odeh, disse: “Netanyahu não é apenas um racista, mas é também um mentiroso”. Ele está na autoridade há 30 anos como chefe da oposição, depois  esteve no Ministério das Finanças e depois foi primeiro-ministro. Nem ele e nem o Likud começaram hoje na política”. Ele então apontou: “[Netanyahu é] o homem da Lei do Estado Nacional, do acordo do século e da política de demolição das casas árabes”. Durante seu mandato, a violência e a criminalidade na sociedade árabe atingiram um nível sem precedentes. Ele não conseguiu desmantelar as organizações criminosas e pôr um fim ao crime, e deve ser o primeiro a assumir a responsabilidade por todas essas questões”.

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Analistas sugerem que o verdadeiro objetivo de Netanyahu é criar confusão na comunidade árabe a fim de destruir a Lista Conjunta e fragmentar o povo palestino nos territórios ocupados. Ele também está lançando uma campanha de desinformação para aumentar o sentimento de frustração, que pode levar a uma queda nas taxas de votação na comunidade árabe. Se ele conseguir receber alguns votos árabes pelo caminho, ele ficará feliz.

Podemos responder a essas tentativas reforçando a unidade palestina nos territórios ocupados e nos comprometendo com um programa político que sirva aos interesses de todos os palestinos. Também podemos aumentar o número de representantes árabes no Knesset através de um bloco que reforce a identidade e a cultura nacional palestina; frustrando todas as tentativas israelenses de apagar a identidade dos árabes palestinos na sociedade de Israel. Isto exige que todos percebam o perigo do plano de Netanyahu. A unidade entre os palestinos é um impedimento contra qualquer tentativa de diminuir nossos direitos nacionais.

Este é um apelo às massas palestinas e a todas as forças políticas para que se unam e se mantenham fiéis a seu programa político. Esta é a melhor resposta às tentativas de Netanyahu e outros de destruir a voz e o voto dos árabes.

Traduzido de Addustour, 19 de janeiro de 2021, e editado para o  MEMO.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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