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Em meio à crise, Assad abre museu para o irmão falecido

Museu dedicado ao falecido irmão do presidente Bashar Al-Assad, Bassel Al-Assad, na Síria, 18 de novembro de 2020 [rallaf/ Twitter]
Museu dedicado ao falecido irmão do presidente Bashar Al-Assad, Bassel Al-Assad, na Síria, 18 de novembro de 2020 [rallaf/ Twitter]

Um museu dedicado a Bassel Al-Assad, falecido irmão do presidente sírio Bashar Al-Assad, foi aberto no país mergulhado em uma crise econômica e grave escassez de trigo e combustível.

A Federação Geral de Esportes do país inaugurou esta semana o museu batizado de  ‘Cavaleiro de Ouro Mártir Basil al Assad’ no complexo esportivo conhecido como Al-Assad Sports City, na cidade costeira de Lattakia.

Segundo a Rede Síria pelos Direitos Humanos (SNHR), esta é uma das inúmeras atividades desenvolvidas pelo regime para comemorar os 50 anos do golpe de Estado de 13 de novembro de 1970, que trouxe o pai de Assad, Hafez Al-Assad, ao poder. Esse golpe e o ‘Movimento Corretivo’ que se seguiu cimentaram o reinado em curso da família Assad na Síria.

As fotos do novo museu foram divulgadas pela Agência de Notícias Árabe Síria (SANA), e mostram uma estátua branca de Bassel no centro de uma galeria, supostamente cercada por 60 fotos do jovem Assad, além de troféus e medalhas , selas e roupas equestres usadas por ele. O espaço total utilizado pelo museu é de 350 metros quadrados rodeados por jardins que cobrem uma área de oito mil metros quadrados.

Bassel Al-Assad morreu em janeiro de 1994, quando colidiu com uma barreira no caminho para o aeroporto na capital, Damasco, e morreu instantaneamente. À morte seguiu-se um período de luto instituído pelo regime, sobretudo pelo facto de ser ele o filho que sucederia a Hafez Al-Assad, cujo manto passou a Bashar, que então estudava em Londres.

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A inauguração do museu e a estimativa do alto custo para concluí-lo ocorrem em meio à crise econômica causada pela corrupção do regime e às sanções internacionais, e ao agravamento da escassez de produtos essenciais como trigo e combustível.

Essa escassez levou as autoridades a importar grandes suprimentos de trigo de baixa qualidade da Rússia, e a produção de pão foi assumida pelo regime em todos os seus territórios a fim de racionar e subsidiar sua distribuição por meio de um ‘sistema de cartão inteligente’.

Isso resultou em multidões inteiras de civis formando filas do lado de fora das poucas padarias restantes,para  receber cotas limitadas de pão, com muitos sendo incapazes de adquiri-los antes do fim do dia.

Essas crises, somadas ao conflito em curso de nove anos dentro do país, levaram algumas organizações como a SNHR a condenar as prioridades do regime em homenagear a família Assad em vez de buscar facilitar uma solução política e ajudar os civis em dificuldades.

Em seu relato sobre a inauguração do museu, a SNHR afirmou que “para o regime, a única questão que realmente importa é a sobrevivência da família governante e sua pequena elite de beneficiários, independentemente de qualquer custo”.

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