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Ex-premiê da Síria trabalhou como espião para Israel, França e Reino Unido

Jamil Mardam, ex-Primeiro-Ministro da Síria, serviu como agente duplo ao passar informações cruciais a Israel, França e Reino Unido

Jamil Mardam, ex-Primeiro-Ministro da Síria, serviu como agente duplo ao passar informações cruciais a Israel, França e Reino Unido, alegou reportagem inédita publicada pelo jornal israelense Haaretz.

Mardam foi premiê do país árabe no fim da década de 1930 e na segunda metade da década de 1940. Segundo a nova versão dos fatos, passou a trabalhar com a agência de inteligência britânica MI6 em torno de 1945.

Posteriormente, foi chantageado e forçado a trabalhar para os serviços de inteligência da França. Na ocasião, um agente israelense passou a agir como seu superior, segundo o professor Meir Zamir, da Universidade Ben-Gurion do Negev.

Eliahu Sasson, agente responsável pelas ações e missões de Mardam, servia como mediador entre as partes, ao entregar documentos e informações a seu subordinado sírio. A troca de mensagens entre os agentes e a inteligência francesa ocorria via correio, no Cairo.

Mardam concedeu informações estratégicas ao líder sionista David Ben-Gurion, por exemplo, sobre os planos britânicos para impedí-lo de criar um estado judaico na Palestina histórica ou sobre o projeto de implementar a Grande Síria, na região do Levante.

Além disso, delatou planos de declarar o grupo paramilitar sionista Haganah como organização terrorista e consequentemente desarmá-lo.

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Segundo a reportagem, Mardam, porém, foi um proponente enfático do sonho da Grande Síria, que pretendia retirar as forças francesas dos territórios sob mandato colonial. O novo estado seria composto por Síria, Iraque e Jordânia (conhecida então como Transjordânia), sob governo da família Hachemita e forte influência britânica.

Segundo Zamir, o projeto permitiria ao Reino Unido sustentar uma influência de longo alcance por toda a região do Oriente Médio.

Mardam foi então chantageado e forçado a trabalhar como agente duplo para a França, contra os interesses britânicos, após evidências de sua conspiração serem expostas pelos serviços de inteligência de Paris.

Os franceses ameaçaram divulgar provas documentais de que Mardam operava como espião britânico a favor de inimigos políticos da Síria.

Não obstante, os relatos de Zamir sobre a vida de Mardam divergem bastante das versões aceitas anteriormente por historiadores.

Conforme as interpretações prévias sobre os fatos, o general francês Charles de Gaulle ordenou a prisão do premiê sírio, revistou todo seu escritório e confiscou documentos, apenas algumas semanas após o fim da Segunda Guerra Mundial.

Os relatos de Zamir também contradizem o fato de que o ex-primeiro-ministro jamais demonstrou simpatia pública à causa sionista, o que torna aparentemente inverossímil a possibilidade de Mardam servir como espião voluntário à entidade judaica.

De fato, Mardam declarou guerra contra Israel, ao lado de diversos estados árabes, imediatamente após a criação do estado sionista, em 1948. Em seguida, contudo, foi deposto, quando autoproclamou-se governante militar da Síria sob lei marcial, no mesmo ano.

Mardam passou o resto de sua vida entre Arábia Saudita e Egito e faleceu no Cairo, em 1960.

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