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Bens das vítimas de avião ucraniano abatido no Irã foram saqueados, denunciam familiares

Memorial às vítimas do Boeing 737-800, da companhia Ukraine Airlines, abatido na capital iraniana Teerã, instalado no aeroporto de Boryspill, em Kiev, Ucrânia, 8 de janeiro de 2020 [Sergei Supinsky/AFP/Getty Images]
Memorial às vítimas do Boeing 737-800, da companhia Ukraine Airlines, abatido na capital iraniana Teerã, instalado no aeroporto de Boryspill, em Kiev, Ucrânia, 8 de janeiro de 2020 [Sergei Supinsky/AFP/Getty Images]

Parentes das vítimas que estavam à bordo da aeronave civil ucraniana abatida por mísseis iranianos, em Teerã, 8 de janeiro, denunciaram que os bens pessoais de seus entes queridos foram “saqueados”. A acusação foi feita em coletiva de imprensa realizada online na terça-feira (16), após 160 dias da tragédia.

Hamed Esmaeilion, que perdeu sua esposa e sua filha de nove anos no incidente, afirmou:

Os pertences de nossas famílias foram saqueados e o que não foi saqueado foi confiscado por autoridades iranianas. Ninguém sabe onde está a aliança de casamento de minha esposa ou a boneca rosa de minha filha; jamais me foram devolvidas.

 

Coletiva de imprensa com os parentes das vítimas do Boeing 737-800, abatido na capital iraniana Teerã em 8 de janeiro

Esmaeilion afirmou que itens como a pulseira e o casaco de sua filha foram perdidos após a tragédia, além de seus passaportes iraniano e canadense. Outras famílias também relataram perder bens pessoais de seus parentes, como laptops e celulares.

“Temos fotos de oficiais iranianos revistando bagagens e malas para encontrar algo. Não sabemos o que estavam fazendo na ocasião”, declarou o cidadão iraniano-canadense.

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Ao abordar o meio pelo qual as propriedades foram perdidas, Esmaeilion recordou que o local do acidente foi limpo por tratores, queimado e destruído logo após o abatimento do avião ucraniano, antes mesmo de qualquer investigação ser posta em curso.

O voo PS752 da Ukraine Airlines foi derrubado por mísseis disparados pelo sistema de defesa da Guarda Revolucionária do Irã em 8 de janeiro deste ano, resultando na morte de todos os 176 passageiros à bordo.

Oficiais iranianos, a princípio, negaram qualquer responsabilidade e insistiram que o avião caiu devido a falha técnica. Dias após a queda, no entanto, o Exército do Irã admitiu ter abatido o avião, supostamente ao confundí-lo com um míssil cruzador.

Parentes das vítimas levantaram dúvidas sobre a versão iraniana do incidente, durante a coletiva desta terça-feira. Javad Soleimani, que perdeu sua esposa na tragédia, questionou a possibilidade do abatimento ser intencional.

“Como pode um míssil cruzador viajar centenas de quilômetros dentro do espaço aéreo iraniano e alcançar a capital Teerã sem ser detectado pela rede integrada de defesa aérea e todos os radares associados?”, declarou Soleimani.

Parentes das vítimas também enfatizaram outras questões não respondidas até então, incluindo a razão pela qual oficiais iranianos não puderam entregar devidamente as caixas pretas aos investigadores. Autoridades do Irã alegam que o registro foi danificado, apesar de inicialmente afirmarem que os equipamentos estavam de fato intactos.

Os presentes na videoconferência destacaram possuir pouca esperança de cooperação do Irã a uma investigação significativa sobre a morte de seus familiares.

Alegam ainda que o Congresso Iraniano Canadense – ong com sede em Toronto, que supostamente representa interesses dos cidadãos binacionais – deliberadamente deixou de mencionar a Guarda Revolucionária do Irã como responsável pelo ataque.

Segundo Esmaeilion, a organização “não tomou qualquer medida para ajudar-nos em nossa luta por justiça”. Após “160 noites sem sono”, famílias e apoiadores das vítimas do voo PS752 ainda aguardam e reivindicam um plano para responsabilizar o governo do Irã.

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