Uma médica argelina grávida a quem foi negada a licença de maternidade morreu de coronavírus, levando à demissão do diretor do hospital de Ras El Oued, informou a AFP.
A vítima estava grávida de oito meses quando morreu na noite de sexta-feira.
Boudissa havia pedido licença maternidade antecipada três vezes, mas o chefe do hospital recusou.
As colegas de Boudissa assinaram uma petição apoiando seu pedido de licença maternidade, depois de um decreto presidencial autorizou mulheres e mães grávidas estavama tirar uma licença excepcional do trabalho devido ao coronavírus.
De acordo com a Algerie Focus, o marido de Boudissa mudou a família para um apartamento perto do hospital no início do Ramadã, depois que o diretor recusou a licença maternidade à esposa .
Além disso, o diretor também se recusou a reconhecer as dificuldades impostas pelas restrições de transporte e movimentação na cidade como resultado do bloqueio nacional.
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Boudissa estava trabalhando na unidade de cirurgia intensiva do hospital Ras El Oued, no leste da Argélia, mas o centro médico negou que estivesse tratando pacientes com coronavírus.
Segundo o hospital, todos os pacientes com coronavírus na província estão sendo tratados em outro centro da cidade.
O ministro da Saúde Abderraham Benbouzid demitiu o diretor do hospital após a notícia da morte de Boudissa.
Imagens da televisão estatal mostraram o ministro da saúde dizendo que ele não conseguia entender por que uma mulher grávida foi forçada a trabalhar, durante uma visita à família da falecida e ao hospital para oferecer suas condolências.
No sábado, Benbouzid ordenou uma investigação sobre a morte da médica e, em uma decisão sem precedentes, encarregou o inspetor geral do Ministério da Saúde de liderar a investigação.
Segundo uma fonte da AFP, qualquer pessoa diretamente responsável pela morte de Boudissa pode ser julgada por homicídio culposo.
O caso provocou indignação, com os argelinos indo ao Twitter pedindo que os responsáveis sejam presos.
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Um usuário escreveu em francês: “Ele merece ir para a cadeia, é claramente um homicídio”.
Outros agradeceram a Boudissa pelo serviço prestado.
https://twitter.com/eyeshield_kun/status/1262163576405532672
Internauta diz que Boudissa é uma heroína dos tempos modernos e divulga um desenho em agradecimento pelos seus serviços.
Até o momento, a Argélia registrou 7.019 casos de coronavírus, entre eles 548 mortes, segundo dados da Universidade John Hopkins.
