Protesto israelense contra governo ‘antidemocrático’ respeita o distanciamento social

Cidadãos israelenses tomaram as ruas de Tel Aviv para realizar um protesto que manteve o distanciamento social, diante dos riscos do coronavírus, com o objetivo de condenar medidas de emergência consideradas “antidemocráticas”, outorgadas pelo Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu.

Segundo estimativas, 2.000 manifestantes tomaram a Praça Rabin, em Tel Aviv, a dois metros de distância uns dos outros, durante protesto de caráter único, aprovado por autoridades públicas à medida que preservou esforços de prevenção contra o coronavírus.

Os organizadores do protesto marcaram lugares no chão com cruzes pretas, para que os manifestantes se posicionassem devidamente, além de fornecer máscaras aos participantes.

A manifestação ocorreu como parte da campanha “Bandeira Negra”, com início em março, que condena “medidas antidemocráticas” impostas pelo governo em resposta à pandemia, incluindo a concessão de novos poderes ao Shin Bet – serviço secreto israelense – para rastrear e vigiar telefones civis.

Oradores de destaque discursaram aos manifestantes, incluindo Ayman Odeh, presidente da Lista Conjunta de parlamentares árabes em Israel.

Odeh afirmou: “Dado nosso destino compartilhado, lutamos hoje contra a cruel pandemia de coronavírus – médicos, enfermeiros e farmacêuticos árabes e judeus. Continuaremos a lutar e venceremos essa luta. Esse destino conjunto significa que nos manteremos no caminho de nossos princípios: paz, democracia, igualdade e justiça social.”

O parlamentar prosseguiu ao afirmar ser “difícil” ficar lado a lado de outros oradores, mas que a união diante de tais medidas antidemocráticas representa uma “oportunidade” para compor uma coalizão ampla árabe-judaica em nome da paz e da democracia.

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Entre outros oradores estava Yair Lapid, líder do partido Yesh Atid Telem, que antes fez parte da aliança de oposição Azul e Branco (Kahol Lavan), liderada por Benny Gantz e pelo ex-ministro da defesa Moshe Ya’alon.

Entretanto, segundo denúncias reiteradas por ambos, as medidas assumidas supostamente contra o novo coronavírus não são os únicos movimentos antidemocráticos para reunir poderes sob a liderança de Netanyahu.

Lapid relatou à multidão que Netanyahu exigiu autoridade para indicar o chefe de polícia, o promotor do estado e o procurador-geral, como parte das negociações conduzidas com seus ex-aliados, a despeito do próprio primeiro-ministro ser réu por corrupção.

Apesar de oficiais do governo terem rechaçado o protesto, segundo relatos, Netanyahu buscou permitir a realização para proteger sua própria imagem pública.

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