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Investigação desmente versão israelense sobre disparos contra jovens palestinos

Soldados israelenses disparam contra palestinos [Ahmad Talat/Agência Anadolu]

Uma investigação conduzida pelo jornal israelense Haaretz revelou que soldados israelenses abriram fogo contra um veículo palestino cujo motorista simplesmente realizava um retorno, em episódio descrito pelo Exército de Israel na época como tentativa de ataque com veículo em velocidade.

Segundo o jornal, em 20 de fevereiro, o porta-voz do exército israelense reportou que soldados dispararam contra um veículo palestino que acelerava em sua direção, na aldeia de Beitin, Cisjordânia ocupada. “Relatos de mídia descreveram o caso como suposto ataque com veículo em velocidade”, reiterou o Haaretz.

De fato, após obter duas gravações de vídeo e entrevistar sobrevivente e testemunhas, o jornal israelense denunciou que as forças da ocupação de Israel abriram fogo “enquanto o motorista fazia um retorno, que bateu contra uma rocha; os soldados não enfrentavam qualquer situação de ameaça de morte”.

Na noite em questão, quatro jovens palestinos da aldeia próxima de Deir Dibwan dirigiam em direção a Beitin por volta das 20h30, quando “viram um jipe militar em direção oposta, pela estrada”.

Em pânico, “porque o motorista não possui carteira, fizeram um retorno em direção a Deir Dibwan e atingiram uma pedra do lado da estrada”, descreveu o Haaretz. Os soldados israelenses então saíram do veículo militar e dispararam contra o ar e contra os rapazes.

Um dos passageiros, Mohammed Sarameh, sofreu ferimentos graves e ainda aguarda novas cirurgias. Segundo o jornal, “seu registro médico relata que uma bala o atingiu nas costas e outra na coxa esquerda … ele não pode mover seus membros e sofreu diversos ferimentos em seu abdômem”.

O Haaretz também observou que nenhum dos jovens presentes na ocasião eram “suspeitos de qualquer ataque ou tentativa de ataque” pelas autoridades israelenses.

Sobretudo, “ao analisar o carro é possível ver que os sinais de entrada das balas aparecem apenas na parte de trás do veículo. Caso os soldados tivessem atirado enquanto o carro disparava em sua direção, os sinais estariam na frente ou na lateral do veículo.”

O Exército de Israel então alterou sua versão dos “fatos sobre o incidente” para uma alegação de dúvida dos oficiais envolvidos, acrescentou o jornal israelense. O porta-voz do exército meramente reconheceu que “soldados viram um carro acelerando em direção a eles e pensaram ser uma tentativa de atentado, antes de dispararem contra o veículo”.

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