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Uma garota de Gaza rompe com a ideia de que marcenaria é profissão masculina

Aya Kishko em sua oficina de marcenaria, com ajudantes.

O poeta palestino, Mahmoud Darwish disse “Vá ao limite do sonho e lute”. Cada um de nós luta e faz tudo para alcançar objetivos na vida. O povo palestino luta eternamente. Aya Kishko vai além do limite do seu sonho e começa sua carreira montando uma oficina de trabalho com madeiras antigas chamada “Antica”. Ela luta contra todas as barreiras e obstáculos e não presta atenção às ideias ultrapassadas da comunidade, como a de que sua carreira é estritamente masculina. Enfrenta o questionamento e surpresa de todos a sua volta: quem é a garota que dirige uma oficina de marcenaria em Gaza?

Aya Kishko é uma arquiteta de 28 anos de idade nascida em Gaza, Palestina. Ela é fundadora da ‘Basata Up’, oficina que transforma pallets em mobília e antiguidades. Após graduar-se pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Islâmica de Gaza (IUG, na sigla mais conhecida em inglês), ela trabalhou como professora na instituição. Foi quando ela deu início à sua startup, incubada pela Incubadora de Negócios e Tecnologia (‘BTI) da IUG.

Após esse trabalho, ela começou a trabalhar como designer para uma fábrica de móveis, onde ela projetou camas, mesas e produziu design de interiores para famosos restaurantes e personalidades da Faixa de Gaza.

Foi a fábrica que fez nascer a ideia do projeto ‘Basata Up’. Ela viu o grande número de pallets espalhados por toda parte e enxergou seu potencial. “Eu sempre sonhei em me tornar uma médica para salvar o mundo. Não me tornei médica, mas ainda assim encontrei um caminho para salvar os sonhos dos pessoas”, ela diz com os olhos cheios de criatividade.

A economia em Gaza está no nível mais baixo de todos os tempos, com uma depressão impulsionada por 13 anos sob o bloqueio imposto por Israel. Com este, a Faixa de Gaza foi reduzida a um caso humanitário de profundo sofrimento e dependência de ajuda. O Ministério do Desenvolvimento Social da Faixa de Gaza disse que as taxas de pobreza e desemprego na Faixa de Gaza atingiram quase 75% em 2019.Esses desafios levaram muitos a tentar encontrar alternativas inovadoras aos empregos tradicionais, e um grande exemplo é Aya Kishko.

“Eu me esforço para oferecer oportunidade e esperança aos jovens de Gaza, muitos dos quais estavam desempregados antes de trabalhar em minha oficina”, diz Aya.

“Gostaria especialmente de incentivar e inspirar mais mulheres nessa profissão; uma idéia é estabelecer um centro de treinamento em minha oficina para envolvê-las não apenas no design e marketing, mas também na implementação e fabricação ”

As mulheres palestinas ainda estão provando para a sociedade e para o mundo inteiro que são um continente difícil de quebrar e têm um super poder para criar filhos, construir a sociedade e lutar contra todos os obstáculos impostos pela ocupação israelense. Mulheres palestinas, que são duplamente marginalizadas pelas políticas de Israel e pelas idéias ultrapassadas da comunidade, agora estão reescrevendo o futuro. A história é geralmente escrita pelos poderosos.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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