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‘Regime sírio e Rússia são responsáveis por tragédia humana’, afirma secretário britânico

Dominic Raab, Secretário de Relações Exteriores do Reino Unido [foto de arquivo]

Dominic Raab, Secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, afirmou que o regime sírio de Bashar al-Assad e a Rússia – principal aliado – são responsáveis pela tragédia humana na província de Idlib, noroeste da Síria.

O comentário foi feito em coletiva de imprensa ao lado de Mevlut Cavusoglu, Ministro de Relações Exteriores da Turquia, nesta terça-feira (3), em Ancara.

Raab destacou que o objetivo de sua visita à Turquia é demonstrar a solidariedade britânica com Ancara e que a amizade entre os dois países é mais forte do que nunca.

Em relação ao recente problema migratório decorrente dos acontecimentos na Síria, Raab declarou: “O regime sírio e a Rússia são, em primeiro lugar, os responsáveis pela tragédia humana, pois seus ataques injustos a Idlib estão entre os mais devastadores no passado recente.”

O secretário britânico ressaltou que a Turquia carrega um pesado fardo desde o estopim da crise na Síria, ao ter de responder com políticas públicas para a abrigar milhões de refugiados e que a comunidade internacional deve trabalhar para compartilhar responsabilidade diante das repercussões na Síria.

Raab também destacou que a Turquia realizou esforços para encontrar uma solução política à questão síria, durante as negociações conduzidas em Sochi, na Rússia. Ainda esclareceu que o Reino Unido, como membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), apoia os esforços turcos para impor um cessar-fogo em Idlib, ao salientar que a Turquia é um dos mais importantes aliados na coalizão internacional.

“Apoiamos os esforços da Turquia para restabelecer um cessar-fogo na Síria e proteger civis de ataques indevidos lançados pelo governo em Damasco”, afirmou.

O oficial britânico ainda observou que o Reino Unido tem cumprido suas promessas de dar suporte à Turquia quanto à questão dos refugiados sírios e destacou as tentativas de um grande número de imigrantes – hoje asilados na Turquia – de chegar à Europa, após as ofensivas em Idlib.

“Trabalhamos juntos e lidamos com as questões decorrentes de uma nova onda migratória, em particular nas fronteiras ocidentais da Turquia, de grande importância”, reiterou. Também enfatizou que o Reino Unido dedica recursos no valor de £ 3.1 bilhões (US$ 3.97 bilhões) desde o início da guerra para tentar solucionar a crise e que autoridades britânicas alocaram mais de £ 220 milhões (US$ 280 milhões) para implementar projetos em vários campos na Síria, desde 2019.

Raab ressaltou a existência de preocupações de segurança comuns entre os países, ao declarar: “Para o Reino Unido, a Turquia é aliada na OTAN, membro do G20, membro fundador do Conselho Europeu e parceiro insubstituível.”

Em resposta a uma questão sobre a zona de segurança no norte da Síria, Raab assegurou: “Estamos em solidariedade com nossos amigos turcos e temos de estudar com cuidado os detalhes referentes à implementação de uma zona de exclusão aérea. Este é um importante passo futuro, que precisa de uma análise detalhada sobre suas possibilidades.”

Sobre relações bilaterais, Raab destacou que uma das prioridades britânicas é assinar um acordo de livre comércio com a Turquia em 2020.

A Turquia mantém a chamada Operação Escudo da Primavera contra o avanço das forças de Assad e aliados em Idlib. Diante deste contexto, Raab declarou preocupação a respeito da morte de 34 soldados turcos devido a um ataque executado pelo governo sírio na região, em 27 de fevereiro, e ofereceu suas condolências à Turquia.

Em maio de 2017, Turquia, Rússia e Irã anunciaram um acordo para implementar zonas de desescalada na província de Idlib, áreas de Latakia, Hama e Aleppo. Zonas neutras também deveriam ser implementadas ao norte de Homs e na região de Ghouta Oriental, além de Rif Dimashq, Quneitra e Daara, no sul do país, conforme as negociações conduzidas em Astana, capital do Cazaquistão.

Entretanto, a despeito dos acordos de cessar-fogo, o regime e milícias apoiadas pelo Irã, com suporte aéreo da Rússia, lançaram uma série de ofensivas militares sobre tais áreas e tomaram o controle de três destas regiões. O regime sírio e seus aliados então intensificaram os ataques sobre Idlib, a última zona de desescalada remanescente.

Os avanços de Assad resultaram na morte de mais de 1800 civis e no deslocamento de mais de 1.94 milhões de pessoas, desde a assinatura do Memorando de Entendimento de Sochi, entre Rússia e Turquia, em 17 de setembro de 2018.

Como resultado dos bombardeios e violentos ataques executados desde então, o regime assumiu controle de diversas cidades de grande importância, como Kafr Nabudah, Khan Shaykhun, Maarat Al-Numan e Saraqib, além de amplas porções do sudeste de Idlib. O governo também avançou contra o norte e leste da província de Hama e o sul e oeste do interior de Aleppo.

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