‘Parece a prisão’ – família palestina apartada de sua aldeia pelo Muro da Separação de Israel

Omar Hajajla pode até ter um portão privado para sua casa na Cisjordânia ocupada por Israel, mas dificilmente podemos considerá-lo um sinal de luxo: o portão dá embaixo de uma barreira israelense que separa ele e sua família do restante de sua aldeia palestina adjacente.

Israel começou a construir o Muro da Separação, absolutamente ilegal, na Cisjordânia ocupada, em 2002, alegando questões de segurança nacional.

Entretanto, a rota tortuosa do muro por toda a Cisjordânia, considerada pelos palestino como meio para expropriar suas terras, dilacera comunidades palestinas e impede fazendeiros de acessar suas próprias propriedades.

No caso de Hajajla, as barreiras israelenses o isolaram de sua aldeia, Al-Walaja, perto de Belém, na Cisjordânia ocupada.

“A prisão deve ser melhor que isso, porque mesmo que eu esteja em casa, parece a prisão”, afirma Hajajla, de 53 anos, que reside com sua esposa e três filhos.

Após entrar com recurso na Suprema Corte de Israel, Hajajla alcançou um acordo em 2013, sob o qual o Ministério da Defesa de Israel teve de construir um túnel e um portão operado remotamente sob a barreira, relata o cidadão palestino, a fim de conceder à família acesso à sua própria aldeia.

Esta travessia subterrânea, repleta de pichações, é a única entrada para a casa de Hajajla.

A família precisa de autorização do exército israelense para utilizar o controle remoto que abre o portão e levar as crianças à escola ou ir ao armazém, relata Hajajla. Israel pode tomar da família mesmo este acesso remoto, caso viole uma série de condições, incluindo receber visitas sem coordená-las primeiro com o exército da ocupação.

“Minha esposa e eu tentamos tanto quanto possível manter nossa vida normal”, declara Hajajla. “Tentamos dar aos nossos filhos um tempo desta rotina, ensiná-los que esta é nossa terra, nosso país, e que jamais o abandonaremos.”

As negociações entre Israel e Palestina patrocinadas pelos Estados Unidos estagnaram em 2014. Um novo “plano de paz” americano, apresentado pelo Presidente Donald Trump no último mês, é visto como amplamente tendencioso a favor de Israel, à medida que não concede aos palestinos sequer seus direitos mais básicos.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

Sair da versão mobile