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ONU: 45 mil crianças deslocadas no Iraque estão sem documentos de identidade

Crianças iraquianas são vistas em uma cidade de Mosul depois que a vila foi retomada pelas forças Peshmerga de Daesh em 31 de outubro de 2016 [Ahmet Izgi /Anadolu]

Um relatório da ONU afirmou que 45 mil crianças deslocadas no Iraque carecem de documentos de identificação pessoal e que, dois anos depois da derrota do Daesh, muitas delas ainda não recebem educação.

O relatório foi divulgado pela Missão de Assistência das Nações Unidas para o Iraque (UNAMI) e pelo Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos (OHCHR) indicando as crianças nessas condições deslocadas estão vivendo nos campos, segundo a Agência Anadolu.

O relatório diz que uma das cinco famílias que vivem fora dos campos tinha filhos com problemas de documentação (falta de documentos de identificação).

A maioria das famílias que viviam sob o controle do Daesh não possuía pelo menos um de seus documentos essenciais de identificação. Ou seja, foram perdidos, confiscados, destruídos ou jamais emitidos.

O relatório transmitiu que a perda de documentos de identidade tem implicações graves no acesso aos serviços sociais, além de ser um grande obstáculo para matricular as crianças na escola.

O Daesh invadiu o norte e o oeste do Iraque no verão de 2014 e controlou um terço do território do país, antes de perder todas essas áreas durante a guerra que terminou no final de 2017.

Isso causou o deslocamento de quase 6 milhões de iraquianos de suas casas, a maioria dos quais já voltou para suas cidades, enquanto cerca de 250.000 pessoas ainda vivem em campos espalhados por todo o país.

O relatório, intitulado ‘O direito à educação no Iraque’, afirma que muitos dos que responderam à pesquisa indicaram que não podem circular livremente dentro e fora dos campos de deslocados, devido às restrições impostas, o que os impede de realizar de atividades diárias, como ir a escolas.

O relatório apontou dois fatores principais que desafiam o acesso das crianças à educação adequada, o primeiro dos quais é “a falta de programas apropriados para reintegrar os alunos, cujos estudos foram interrompidos por muito tempo, no sistema educacional do governo”.

O segundo fator é a dificuldade em obter documentos de identificação, o que constitui um grande desafio para os pais ao tentar matricular seus filhos na escola.

O relatório enfatizou que o problema é agravado continuamente, pois muitos adolescentes atingiram uma idade em que não podem mais permanecer nas escolas primárias, além da falta de escolas adequadas e de programas de aprendizado rápido.

O relatório da ONU instou o governo iraquiano a minimizar os desafios administrativos e de segurança, acelerar o acesso das crianças a documentos civis e revisar as disposições sobre as formas de educação disponíveis, o que compensa a perda de anos de educação devido ao controle do Daesh sobre as cidades natal das crianças.

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