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Apoiadores de al-Sadr reprimem manifestações populares no Iraque com munição real

Testemunhas declararam que apoiadores de Muqtada al-Sadr, líder do movimento sadrista, dispararam munição real para dispersar protestos em Karbala

Testemunhas locais declararam que apoiadores de Muqtada al-Sadr, líder do chamado movimento sadrista, de inclinação populista xiita, dispararam munição real para dispersar manifestantes que protestavam nesta quinta-feira (6), na cidade de Karbala, sul do Iraque.

Conforme relatos à agência Anadolu, dezenas de apoiadores de al-Sadr – conhecidos como “chapéus azuis” – invadiram a Praça de Al-Tarbiyah, no centro da cidade de Karbala, e agrediram violentamente os manifestantes.

As testemunhas afirmaram que os apoiadores de al-Sadr carregavam consigo cassetetes e metralhadoras e dispararam munição real no ar para aterrorizar os manifestantes, além de agressões diretas contra eles. Muitos manifestantes fugiram, com receio de que ocorresse ali um novo massacre.

Os relatos ainda reiteraram que os apoiadores de al-Sadr derrubaram a plataforma utilizada há meses pelos manifestantes para expressar suas reivindicações contra o governo, na Praça Al-Tarbiyah.

Desde segunda-feira (3), os “chapéus azuis” executam uma campanha coordenada para dispersar e reprimir manifestações populares nas cidades no sul e centro do Iraque, sob uso de força excessiva, após ordens diretas do clérigo e político xiita Moqtada al-Sadr.

Onze manifestantes foram mortos e 122 feridos na última quarta-feira (5), durante ataques dos apoiadores de al-Sadr sobre protestos na chamada “Praça dos Sadristas”, no centro da cidade de Najaf, segundo fontes médicas e testemunhas locais.

Tais agressões ocorrem após os manifestantes recusarem a indicação de Mohammed Tawfiq Allawi, ex-Ministro de Comunicações do Iraque, como primeiro-ministro, no último sábado (1°), incumbido com a formação de um novo governo. Os manifestantes consideram Allawi representante da elite política no país; contudo, recebeu apoio de al-Sadr.

Desde o início de outubro de 2019, o Iraque vivencia protestos sem precedentes intercalados por atos de violência que causaram a morte de mais de 600 pessoas, segundo o próprio presidente iraquiano Barham Salih e estimativas da Anistia Internacional.

Os manifestantes demandam a indicação de um primeiro-ministro honesto e independente, não relacionado a governos anteriores, partidos tradicionais ou potências estrangeiras. Os protestos reivindicam a deposição e subsequente julgamento de toda a elite política no Iraque, acusada de corrupção sistêmica e desvios de fundos estatais, no poder desde a queda do ditador Saddam Hussein, em 2003.

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