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Exército do Egito conduziu testes de virgindade em ativistas mulheres e outras violações

Tanque do Exército do Egito ocupa a Praça Tahrir, em 29 de janeiro de 2011 [Wikipedia]

Um dos membros do Conselho Supremo das Forças Armadas do Egito, que assumiu o poder após depor o ex-presidente Hosni Mubarak, admitiu que o exército egípcio conduziu testes de virgindades em mulheres, apesar de negar reiteradamente as alegações e atacar a imprensa por ser “má e tendenciosa”.

O Major-General Hassan Al-Ruwaini, membro do Conselho Supremo das Forças Armadas durante a revolução de janeiro de 2011, revelou em áudio vazado pela emissora de televisão egípcia Mekameleen que o exército de fato conduziu “testes de virgindade” em ao menos dezessete ativistas mulheres em março de 2011.

Para tentar justificar as ações das Forças Armadas do Egito, Al-Ruwaini mencionou medidas abusivas tomadas pelo Exército dos Estados Unidos na prisão de Abu Ghraib, no Iraque: “Os americanos que tanto defendem os direitos humanos agora, fizeram pessoas andarem nuas em Abu Ghraib.”

Durante reunião com oficiais militares durante o processo revolucionário de 2011, Al-Ruwaini mencionou também uma conversa que teve com o jornalista Amr Adeeb: “Disse a Amr [Adeeb], o bolo não está pronto. Então espere tirarmos do forno e cortaremos um pedaço. Então, deverá ser bom. Mas se cortarmos agora ficará feio porque os ingredientes estão crus. Caso coma agora, ficará doente e terá diarreia.”

Em seguida, Al-Ruwaini lançou um ataque contra a imprensa egípcia, ao acusar apresentadores de televisão de receberem 800.000 libras egípcias por mês (US$ 50.000), algo entre oito e nove milhões de libras egípcias anualmente (US$ 0,5 a 0,57 milhões). Nas palavras do general, estes apresentadores de televisão não se importam com o Egito ou seu futuro, e estão prontos para vender suas próprias famílias, não somente o Egito. Al-Ruwaini citou por nome Wael Al-Ibrashi, personalidade de mídia conhecida por defender a legalidade do governo do ex-presidente Mohamed Morsi.

Al-Ruwaini também admitiu conceder “inúmeros” incentivos a oficiais do exército imediatamente após a revolução de janeiro e descreveu os críticos das forças militares egípcias, que particularmente condenam a postura autoritária do Exército como Suprema Corte, como “traidores”.

No áudio vazado, o general comenta sobre as ações do Exército diante dos possíveis candidatos presidenciais nas eleições que sucederam a revolução: “Quem é você? Um candidato em potencial? Sua candidatura pode ser aceita ou rejeitada.”

O oficial militar ainda insultou personalidades da revolução de janeiro ao referir-se a elas como “anões”, reiterando que “caso um único oficial decida realizar o mínimo movimento, então será capaz de esmagá-los, junto de suas famílias.”

O áudio carrega mensagens depreciativas contra líderes do próprio Exército do Egito, e inclui comentários pejorativos sobre partidos e políticos, como: “Eles costumavam nos implorar para deixá-los no poder”. O general também condenou veementemente as manifestações de estudantes universitários, ativistas e organizações da sociedade civil.

Em janeiro de 2011, protestos populares em massa eclodiram no Egito, resultando na deposição do longevo ditador Hosni Mubarak. Em meados de 2012, Mohamed Morsi assumiu posse como primeiro presidente egípcio democraticamente eleito, porém foi deposto em 2013, por golpe de estado militar comandado pelo atual presidente Abdel Fattah el-Sisi.

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