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Israel restringe travessia de palestinos às terras do outro lado do muro

Forças israelenses reprimem protestos palestinos contra a construção de assentamentos judeus e o muro de separação na vila de Qafr Qaddum, em Nablus, Cisjordânia. Em 6 de setembro de 2019. [Nedal Eshtayah/Agência Anadolu]

Israel aumentou suas restrições aos agricultores palestinos que tentam acessar suas terras localizadas entre o Muro de Separação ilegal e a Linha Verde, informou o Haaretz.

A maior parte da rota do Muro passa por dentro do território palestino ocupado – base para o Tribunal Internacional de Justiça em 2004 ter considerado sua ilegalidade – e uma grande quantidade de terras agrícolas palestinas está agora localizada no lado “errado” do Muro.

Até agora, os proprietários de terras palestinos podiam solicitar às autoridades de ocupação de Israel permissões de entrada agrícola com o objetivo geral de “manter sua conexão com a terra”.

Agora, no entanto, conforme informa o Haaretz, os regulamentos israelenses recém-emitidos redefinirniram o objetivo dessas autorizações, que, agora servirão apenas para um certo número de travessias.

De acordo com o artigo, o novo objetivo é definido como o de “permitir que as terras agrícolas sejam trabalhadas com base nas necessidades agrícolas derivadas do tamanho da área e do tipo de produto, mantendo a conexão com essas terras”.

O número de vezes que um agricultor palestino pode acessar suas terras será limitado, com base no tipo de cultivo e no tamanho da terra em questão.

Por exemplo, “o número máximo de entradas é de 40 vezes por ano para azeitonas e cebolas, 50 vezes para figos e 220 para tomates ou morangos”.

Uma vez esgotado o contingente de entrada, o agricultor deve solicitar uma nova permissão às autoridades de ocupação, que somente será concedida se houver prova de que não foi possível concluir o trabalho agrícola necessário nas visitas alocadas.

Os palestinos já enfrentam vários obstáculos para alcançar suas terras do outro lado do Muro. O acesso é feito através de portões no Muro, mas estes são “abertos apenas algumas horas por dia”, para os detentores de licenças.

Segundo a ONG de direitos humanos Hamoked, existem 84 portões no Muro, “mas apenas nove estão abertos diariamente”. Dez estão abertos uma vez por semana e os outros 65 são “abertos sazonalmente”.

Ahmed Al-Abadi, 54 anos, de Tura Al-Gharbiya, na Cisjordânia ocupada ao norte, recebeu recentemente uma das novas permissões limitadas.

“Eles tratam nossa terra como se fosse um negócio em que trabalhamos por horas”, disse ele ao Haaretz. “Eu costumava sentar debaixo de uma árvore nesta terra com meu pai e avô; todas as memórias da minha infância estão lá. Não é um negócio, não é uma questão de lucros; é a nossa conexão com esta terra. ”

No início deste ano, o Haaretz também informou que “a taxa de rejeição aos palestinos que solicitam permissões de entrada na agricultura saltou para 72% em 2018, em comparação com apenas 24% quatro anos antes”.

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