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Agência humanitária relata que 15 milhões de iemenitas sofrem com falta de água devido à crise de combustíveis

Crianças iemenitas enchem galões com água potável, distribuída por instituições humanitárias, na capital Sana’a, Iêmen, 1° de abril de 2019 [Mohammed Hamoud/Agência Anadolu]

Aproximadamente 15 milhões de iemenitas tiveram seu fornecimento de água cortado devido à crise de combustíveis no país assolado pela guerra, o que expõe a população a epidemias mortais como a cólera, segundo relatório divulgado pela agência humanitária Oxfam.

Grandes cidades como Ibb, Dhamar e Al-Mahwit tiveram seus sistemas centrais de fornecimento de água completamente desligados.

Acredita-se que onze milhões de pessoas dependentes da água distribuída pelas redes de encanamentos, além de quatro milhões de pessoas que também dependem de caminhões-pipa financiados por empresas privadas, tenham de reduzir drasticamente seu consumo diário devido ao aumento nos preços dos combustíveis no último mês.

Agências humanitárias como a Oxfam também tiveram de reduzir seu fornecimento de água via caminhões-pipa, embora milhares de pessoas sejam dependentes deste auxílio em particular. Além disso, o sistema de encanamento instalado pela própria Oxfam deve operar em apenas 50 por cento de sua capacidade.

A falta de água é especialmente crítica para os sete milhões de iemenitas que sofrem de desnutrição, à medida que o país é assolado pela pior epidemia de cólera da história moderna. Desde abril de 2017, foram documentados mais de dois milhões de casos de cólera, resultando em mais de 3.700 mortes.

Mushin Siddiquey, Diretor Nacional da Oxfam no Iêmen, destacou a questão das partes em confronto utilizarem a economia como arma de guerra, ao afirmar: “Transformar a economia iemenita em arma, como é feito hoje, é mais uma crueldade infligida contra o povo do Iêmen, forçado a suportar quatro anos de conflito.”

Siddiquey também fez um apelo para que “todos os lados dêem fim às restrições impostas às importações, de modo que os combustíveis voltem a chegar ao país sem impedimentos.”

Um relatório recém divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) revelou que o bloqueio liderado pela Arábia Saudita levou aos cortes de energia e combustíveis, exacerbando ainda mais a crise humanitária em curso no país. Recentemente, as forças sauditas intensificaram a apreensão e cerco de navios carregando alimentos e combustíveis ao Iêmen, através do porto sitiado de Hudaydah.

Desde a escalada do conflito, após os ataques aéreos executados pela coalizão saudita em 2015, a Oxfam relatou que ao menos oito de seus sistemas de distribuição de água foram danificados ou completamente destruídos, o que reduziu drasticamente o fornecimento de água a mais de 250.000 pessoas.

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