Ativistas lançam campanha para encerrar ataques contra conteúdos palestinos no Facebook

Jornalistas e ativistas lançaram ontem (8) na Palestina uma campanha nas redes sociais contra a censura do Facebook a conteúdos palestinos.

A partir da hashtag FBblocksPalestine, os esforços buscam denunciar “publicamente a ameaça imposta pelo Facebook contra conteúdos palestinos, além de expor a política de dois pesos e duas medidas na forma como o Facebook aborda conteúdos de incitação palestinos e israelenses em seu site,” afirmou Eyad Rifai, chefe do Centro Social Sada, que coordena a campanha.

 

Usuários assumiram a hashtag para denunciar casos em série e pedir apoio à campanha, ao denunciar que suas contas pessoais foram banidas devido à publicação de dados sobre as violações da ocupação israelense contra os direitos humanos fundamentais do povo palestino.

O Centro Social Sada relatou que as infrações do Facebook aumentaram dramaticamente, alcançando o índice de 139 violações, incluindo páginas e contas deletadas, proibição em sessões de comentários, restrições a páginas particulares e transmissões ao vivo e remoção de posts antigos e recentes sem qualquer alerta ou justificativa.

O grupo emitiu uma declaração como protesto contra tais políticas que violam a lei internacional e os direitos humanos básicos de liberdade de expressão, crença e jornalismo.

Segundo a Agência de Mídia Palestina Al Ray, órgão oficial do governo palestino, o Centro Social Sada insiste que o conteúdo palestino na rede social está ameaçado, pois o Facebook desenvolveu um algoritmo que lhe permite deletar mensagens de usuários que incluam nomes de facções palestinas como “Hamas”, “Jihad” ou “Shahid”.

Rifai também destacou que jornalistas e funcionários de imprensa palestinos são “privados de exercer seu trabalho jornalístico como resultado da política injusta do Facebook, a qual não leva em consideração os padrões de trabalho dos profissionais. Estas medidas efetivamente põem em perigo a presença da narrativa palestina na rede social.”

Em setembro de 2016, uma delegação do Facebook encontrou-se com Ayelet Shaked, Ministro da Justiça de Israel, e Gilad Erdan, Ministro de Segurança Pública, a fim de aprimorar “a cooperação contra o incitamento ao terrorismo e assassinato”, conforme declaração emitida pelo gabinete do Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu, na ocasião.

Os palestinos afirmam que a gigante das redes sociais se submeteu à influência do governo israelense para suprimir a narrativa palestina e adotar a definição do ocupante sobre incitação.

Um jornalista de Gaza relatou à agência de notícias americana The Media Line que sua conta no Facebook foi suspensa em setembro. “Eu estava somente fazendo o meu trabalho quando perdi minha conta … O gerenciamento do Facebook vê o uso de símbolos, nomes e partidos políticos palestinos como incitação à violência, independente da natureza do trabalho de quem os publicou.”

O ativista palestino Muhammad Kareem, editor e tradutor da agência de notícias Palestine Trend, também teve sua conta no Facebook bloqueada após oito anos de uso. Kareem utilizou o Twitter para demonstrar apoio à campanha por meio da hashtag FBblocksPalestine. Segundo ele, tais medidas assumidas pela rede social são “como deletar a história de alguém por uma razão estranha … compartilhar minha opinião”.

O uso da hashtag é o primeiro passo da campanha, que tem esperanças de dar destaque aos diversos métodos de resistência ao ataque sistemático contra conteúdos palestinos.

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