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Arábia Saudita tem como alvo civis usando ataques aéreos de ‘tiro duplo’

Edifícios danificados são vistos após a Arábia Saudita ter realizado ataques aéreos no Iêmen. Em 1º de setembro de 2019 [Mohammed Hamoud/Agência Anadolu]

A Arábia Saudita pode ter usado ataques aéreos de “tiro duplo” em locais com forte presença civil, de acordo com um relatório divulgado ontem pelo site de investigações Bellingcat.

A tática, que busca maximizar a perda de vítimas civis, pode ser descrita como o disparo de míssel seguido de outro, uma vez que equipes de resgate e outros chegam à cena.

As evidências compiladas na investigação revelam alvos civis que incluem uma casa funerária, mercado, casamento, mesquita, restaurante e uma área residencial.

Muitos dos ataques ocorreram durante o dia, quando essas áreas estavam mais movimentadas. Os pesquisadores também não conseguiram identificar alvos militares em muitos dos locais que eles investigaram.

“Os ataques a esses locais pareciam matar e ferir muito mais civis do que era proporcional a qualquer provável vantagem militar. Em alguns casos, esse dano civil flagrante parece totalmente previsível, sugerindo que membros da coalizão [liderada pela Arábia Saudita] tenham intencionalmente conduzido ataques indiscriminados ou desproporcionais ”, afirmou o relatório.

Bellingcat informou que quaisquer tentativas da coalizão de investigar suas atividades militares são “de natureza puramente simbólica” e apenas uma resposta à “indignação internacional avassaladora”.

O relatório chega no momento em que o governo britânico está pedindo ao Tribunal de Apelação que anule uma decisão que considerou ilegal a venda de armas britânicas à Arábia Saudita, com uma suspensão imediata. Andrew Smith, da Campanha Contra o Comércio de Armas (CAAT), disse que um atraso no caso levaria a “mais vendas ilegais de armas e mais atrocidades”.

A Arábia Saudita lidera uma coalizão de estados árabes que começou a lançar ataques aéreos no Iêmen em março de 2015 para restaurar o poder do presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, apoiado internacionalmente, que foi expulso da capital em 2014 por combatentes houthis e milícias apoiadas pelo Irã.

Novos números mostram que o número total de mortes do conflito está se aproximando rapidamente da marca de 100.000.

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